Dá Ilha pra cá, musical que teve direção de Cássio Lucena, é lindo, poético, sofisticado, simples, mais limpo, sem excessos e nem rodeios.  Que bom, agora sim! O olhar sobre este novo trabalho, foi capaz de deixar tudo na medida exata, cada coisa ou ideia tinha sua razão de ser, estar e existir, se mantendo em todos os seus momentos, que evocam as crenças, orgulhos e o estilo de vida destes ribeirinhos.   O resultado desse processo mais centrado é coeso, sensível, bem pensado e maduro o suficiente para nos representar em qualquer lugar do mundo. 

       O cenário minimalista  já foi uma grande sacada! Ele nos avisa que a viagem musical, vai por outros caminhos, Eugênio Cruz (criador do projeto) nos leva para conhecer sua experimentação sonora e idéias inusitadas, sua divina inquietação nos leva a viver uma música leve e forte, que nos faz prestar mais atenção nas letras e a conhecer melhor esta rica manifestação popular por seus ângulos inteligentes. Suas releituras tiram os sambas do "lugar comum" com uma elegância que as mantém em seu devido respeito, lá no alto do seu pedestal, longe e perto de nós, reverenciada acima e aos olhos de Santo Antônio. 

      As Maravilhosas Camila Yasmine, Joyce Guirra, Fabiana Santiago e Rosyaline Bezerra foram as vozes que deram alma a apresentação, cheias de delicadezas e movimentos espontâneos (como na roda de samba) as cantoras ganhavam o palco o os nossos suspiros, usando os lindos vestidos criados por Ninfa Tavares.   Eram vozes sublimes em contraponto às suas imagens de mulheres fortes, intensas e de sensualidade sutil.     O musical contou com as participações dos músicos Albérico Júnior (tratamento de som), Silvino Júnior (percussão) e a versatilidade de Renan Mendes, os dançarinos Cleybson Lima, Wagner Damasceno, Júlia Gondim e Mel fizeram intervenções cênicas junto com Cássio que também atuou.

       Desejo muito sucesso à este projeto e parabéns à Cássio Lucena e ao Sesc Petrolina pela bela iniciativa!      * Esta produção integrou a programação desta edição do "Janeiro tem mais arte".