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Reflexões sobre o Petrolina fashion e a moda que precisamos
23:25Renato Oliveira
Foto:Oficina de estilo
Já havia dito em um artigo no meu antigo blog em 2009, que esse formato do evento, que se repete igualzinho á anos, já deu o que tinha de dar! A moda é o discurso do novo. Trata-se de um momento de mudanças, não só de coleções, vai muito além! Mudam as pessoas, o mercado e principalmente os desejos. Logo, se o Petrolina fashion não ganha novas faces a cada temporada, ele está mais comprometido com entretenimento, do que com cultura de moda. Se essa engrenagem novidadeira não gira, o evento perde sua força, se torna vazio e morre! Por que as pessoas vão achar tudo aquilo um saco! A Concha acústica e os camarotes se esvaziavam rapidamente esse ano.
Nos primeiros anos, fiz participações como estilista convidado, graças a sensibilidade de Beto Binga, desde então produtor de moda do evento. Dessa forma, dei minha contribuição ao projeto, acreditando que aquela proposta inicial, pudesse abrir portas
para outros designers, estimulando mais jovens a valorizar a moda ou tê-la como
profissão. Me questiono sinceramente o que está por trás dessa
preguiça da TV em trazer novidades que façam esse projeto, se renovar. Digo a
TV por que a muito conheço o olhar de Beto , sei de causa própria, que como eu,
ele pensa e respira a moda com outro olhar, de forma mais ampla. Foi esse cara,
o primeiro a impulsionar a inserção de novos talentos, nos eventos de moda da
cidade. E isso é apenas um, dos seus bons créditos. Somam-se a isso, muitos
desfiles, editoriais de moda, campanhas publicitárias, clips, concursos para
novos modelos e por aí vai... Tenho certeza que uma mentalidade como essa, não
deve sorrir para ideia de ver o conceito original de moda, ser espremido por um
desfile narrativo de motocicletas, por exemplo. Nestas participações dividi a
passarela com outros jovens criadores, lojas especiais da cidade e importantes marcas
do cenário nacional. Por que isso não continuou ganhando força?
Por que não ceder ao olhar de um produtor, que tem seu radar ligado, que
acompanha e quer nos trazer o novo?
Não há como pensar que a moda está em
primeiro lugar, num evento que precisa religiosamente, até hoje, do artifício
da celebridade (ou sub) para ter a concha lotada a noite toda, repetindo erros
que já não se admitem mais num evento que já atravessa sua sétima edição. Talvez
o principal deles seja insistir em apresentadores, que fazem do que deveria ser um evento de
estilo, um programa de auditório. O resultado dessa mentalidade? Um bando
de pessoas mais preocupadas em saber com qual artista, ator ou ex-bbb vão fazer
foto esse ano. Enquanto o correto seria o interesse em saber, quais marcas e
lojas passarão pelo evento. Será que estamos estimulando as pessoas a
darem o valor que a moda merece? A enxergar o que há de conceitual e também
artístico no sério trabalho desenvolvido por produtores de moda, modelos, estilistas,
costureiras, maquiadores, cabelereiros, dj´s e toda engrenagem. É preciso rever
determinados aspectos e pensar nisso de maneira mais ampla ! No mais o que enxergamos é um oba,
oba insano vendido como um evento que lota a praça, mas não abre como se deve
os olhos das pessoas. E como depois elas vão abrir a carteira?
É também o desejo em se sentir especial,
que faz as pessoas consumirem moda, mas para que isso aconteça, a apresentação
da roupa precisa ser pensada também, de maneira especial. De longe ou de perto,
os looks são apresentados com a clareza e nitidez suficiente, capaz de gerar desejo de
consumo? No geral a resposta pronta é sempre:
"Pensamos na democratização da moda!". Hoje já se sabe
que moda não precisa mais desse tipo de iniciativa para ser democrática, a
mídia, as redes sociais e principalmente as lojas de departamento já cumprem
bem esse papel! Trazendo as tendências em um bom raio de alcance, possível a
todas as classes sociais, ou seja: A moda hoje já é acessível por
natureza.
É triste e diria até desrespeitoso, ver um projeto que surgiu como uma ótima idéia, terminar tratando a moda como uma mera isca, de uma estrutura marketing esperta, como mero pano de fundo.
Realizar desfiles e fazer moda, são coisas absolutamente distintas!
Que perfil de público, consumidores e fashionistas o maior evento de moda do Nordeste está ajudando a formar? É essa a moda que nós precisamos?
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3 comentários
eu estava justamente comentando isso antes do evento acontecer! ta na cara que so o que vale é o dinheiro, MODA que é bom, passa longe! o o pouco que tem, dá uma preguiça! cansou já, ta na hora de renovar! ta na hora de para de olhar so pra frente e olhar para todos os lados. Pq so procura novos modelos? pq nao procura novos estilistas? pq nao fazem desfiles com estes? Pq nao junta os blogs de moda da regiao pra participar do evento?Precisa ser revisto esse petrolina fashion. Já deu. Como vc citou, os tempo são outros, depois de sete anos, as pessoas querem outras coisas.
ResponderExcluirOS BLOGS DE MODA DA REGIÃO NÃO SÃO CONVIDADOS PRA PRESTIGIAR, QUEM DIRÁ PRA PARTICIPAR DO EVENTO?
ExcluirÓTIMA REFLEXÃO CRÍTICA RENATO OLIVEIRA , É IMPORTANTE QUE EVENTOS DESTA NATUREZA REVEJAM URGENTEMENTE SEUS FORMATOS E CONCEITOS E SUPRIMAM O ODOR DE NAFTALINA QUE IMPREGNA AS SALAS DE DESFILE, INDO DE ENCONTRO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA PALAVRA MODA, QUE SE TRADUZ COMO NOVIDADE!!!
ResponderExcluirObservação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.